A maledicência processa em sociedade a dor sobre a qual somos cegos em nós mesmos e o silêncio estupefato diante da dor que o outro nos joga em rosto; é a dor contra a qual somos impotentes. O excesso de ação que há em uma é a falta de reação que existe na outra (ou então aquelas reações débeis, comuns). Da primeira nos livramos, da segunda nos lavamos, mas se a primeira é suja, não podemos passar sem a necessidade do lavatório da segunda. E se a segunda não nos diz respeito, não podemos passar sem a sujeira da primeira, não sentindo nada.
A cada cidadão que lê este testemunho, livre-se lave-se.
Suporte a dor de ser mal falado, falando, suporte a dor de não sentir nada por alguém, sofrendo. Refestele-se no seu ser humano e apesar desta ordem inútil pense que o seu livramento não custa mais que uma lavagem e que, enquanto você se lava, outro se livra.
Fernanda Flávia
01/10/2006
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