domingo, 2 de novembro de 2014

Oficina "O Saber o Sapo" -Renato Delboni- produção de Haicai, um estilo japonês de poesia

Pedra parada lisa,
eu parado no espaço.
Vida no céu.

Três sapos.
Três pedras.
Lugar nenhum.

Rocha forte na mesa.
Rocha forte no mundo.
Eu sozinho.

Ficus frutos.
Seca sorte.
Fruta pode.

Árvore nasce.
Todo morre.
Vida eterna.

Grade luz.
Grade ave.
Livro ou prisão.

Peixe morde.
Peixe morto.
Peixe pobre.

Luz folhas,
folhas de luz.
O céu vem.

Raiz rota,
tronco porta,
galho destino.


"Cada um no seu quadrado"

Como criticar alguém que vota no PT lá no nordeste porque ganha Bolsa Família, se aqui eu, servidor(a) público(a) vota no PT, porque seus governos promoveram concursos públicos, recompondo os quadros de pessoal do serviço público federal, e deram reajustes salariais para várias carreiras?
Como criticar alguém da alta burguesia ou da classe média-média ou alta, por votar no PSDB, pensando que este partido cortará os gastos públicos e conterá a inflação, resguardando o valor do seu precioso dinheiro?

Como culpar a cada um, por pensar apenas em seus próprios interesses e, implicitamente, querer que o resto da sociedade "se dane"?
Como haver pacificação social, progresso e melhoria para todos se as atitudes dos cidadãos forem meramente egoístas? A começar pelo voto?

O processo eleitoral agressivo não foi reflexo das divisões e conflitos já existentes? Quando se começa a mexer no bolso de quem tem para dar a quem não tem, parece natural a emersão de conflitos, ainda que essa redistribuição tenha um impacto orçamentário muito menor que outros gastos governamentais, com obras públicas, por exemplo.  O simples fato de combater a vergonhosa desigualdade desse país, já é uma ofensa para muitos membros da elite.

O que se defende aqui não é o partido X ou Y, nem a política Z ou W como panacéias, mas a necessidade urgente de refletir sinceramente, que Brasil queremos para nós todos, e não só para o âmbito restrito das atividades individuais. Pois, torna-se cada vez mais impossível a cada um pensar em si como um ser isolado e independente do conjunto -haja vista que a pobreza, a miséria, a escassez, a doença e o caos- batem à nossa porta cada vez mais, sem distinção de classe, raça, cor ou crença. Se não nos transformamos em irmãos por amor, que seja então pela dor.