segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Seminário Acolher e Semear

Seminário Acolher e Semear
Levando o evangelho às crianças de periferia
Grupo fraterno irmão Eustáquio
Fernanda Flávia e Michelle Freitas
02/05/2004
Uma questão social
Síntese

Inclusão / exclusão
A identidade (aquilo que se é) é marcada em relação à diferença (aquilo que o outro é), por isso implica processos de inclusão / exclusão. Tal fenômeno constitui relações de poder entre grupos de pessoas, envolvendo diversos fatores, como raça, classe social, religião e condição financeira, baseando-se numa suposta superioridade humana de uma identidade sobre a outra.
Desigualdade X Diferença
As palavras não são sinônimas. A desigualdade refere-se ao fenômeno social da distribuição de recursos na sociedade. Diz-se que o mercado reproduz as desigualdades existentes na esfera da produção. A desigualdade social é por um lado, conseqüência das diferenças entre os indivíduos, do esforço que fazem pela própria ascensão social (mobilidade) ou não e em parte conseqüência do que chamamos injustiças, devido a existência de parcelas da população que não são efetivamente contempladas por direitos que lhes pertencem por lei.
Metafísica da questão social
A autora Agnes Heller, revela-nos que a modernidade é uma “máquina” de questões sociais. E que o que hoje o que consideramos como problemas, não considerávamos antes. Por exemplo, a mortalidade infantil não era uma questão social do século XIX. À medida em que se desenvolve e surgem descobertas, a sociedade se vê diante de dilemas a resolver, pois aparecem situações novas, que as leis e os valores consolidados não são capazes de resolver. Assim, não há uma universalidade quanto o que é tido por justo ou injusto nem é possível pensar numa sociedade que um dia possua todos os seus problemas resolvidos –o que, cá para nós, seria muito chato e contrário à lei de progresso- pois novas questões impõem obstáculos à ação humana.
“Não há diferença entre judeu e grego, uma vez que o mesmo é o Senhor de todos, é rico para com todos que o invocam” Ro 10.12
“Meus irmãos, tenhais fé em nosso glorioso Senhor Jesus Cristo, sem fazer acepção de pessoas. Porque, se entrar na vossa reunião algum homem com anéis de ouro nos dedos, com roupa luxuosa e entrar algum pobre com roupa velha e suja, e tratardes com atenção especial o que está vestido luxuosamente e lhe disserdes: tu assenta-te aqui no lugar de honra; e disserdes ao pobre: tu, fica ali em pé ou assenta-te no chão, onde coloco meus pés...” Tg 2.1-3
Igualdade relativa
Se concordamos que não é possível alcançar a igualdade absoluta entre as pessoas há que se pensar me igualdade relativa. Como duas aldeias X e Y da mesma tribo que são inimigas entre si. A questão é que X e Y são inimigas de W e por ela estão ameaçadas. Então X e Y unem-se e lutam contra W. Depois voltam à rivalidade habitual. A igualdade relativa, na esfera representativa das instituições políticas especializadas, significa união em busca da realização de uma causa comum, o que não suprime as diferenças e divergências que possam existir entre aqueles que estão unidos dadas por outros aspectos de suas vidas.
Exercer este princípio não é uma tarefa fácil e apresenta-se como uma Nova Questão social: conciliar direitos abstratos, atribuídos a todos os cidadãos com base em uma concepção de ser humano e direitos específicos e concretos, de grupos sociais, em suas distinções socioculturais em relação aos demais.
Papel social do espiritismo
Ainda não encontramos nenhuma pesquisa sociológica sobre a inserção do espiritismo num contexto social mais amplo, contudo, percebemos que existe no movimento uma tradição filantrópica embasada pela máxima doutrinária: “Fora da Caridade não há salvação”. Logo, há um enorme potencial de intervenção no que observamos como injustiças sociais.
Definição ampla de poder
Existem várias concepções de pode, dentre elas a capacidade de conduzir um grupo de pessoas a agir e pensar do modo como desejamos –poder de persuasão- que pode vir de uma autoridade conferida por esse mesmo grupo ou pelo fenômeno do carisma. Há também a idéia de que poder é o monopólio estatal da força física. Ambas possuem ao fundo uma concepção coercitiva de poder. Podemos pensar, sem absurdo algum, que toda relação social é uma relação de poder e que há outras formas de poder (como o moral) que não se conduzem necessariamente pelo domínio estável de uns sobre outros e que sejam, ao invés de poder sobre, poder de –uma noção cooperativa que demonstra uma capacidade coletiva de agir e alcançar objetivos em conjunto, como este seminário.
Reciprocidade e trabalho voluntário
A sociedade surge, segundo Lévi-Strauss através da aliança instituída pelo Tabu do Incesto, obrigando a exogamia (casar fora da família). Por isso a dádiva constitui a base de qualquer sociabilidade –dar/receber/retribuir- pode tomar formas negativas (círculos de vingança pessoal), ou positivos (solidariedade). Para que a caridade não seja humilhante, deve-se proporcionar ao assistido oportunidade de retribuir socialmente aquilo que lhe foi dado.

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