sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Manifesto, protesto

Manifesto de repúdio a Medida Provisória n. 711, de 18 de janeiro de 2016 e contra Veto do dispositivo de Lei n. 13.249/2016, que aprova a Auditoria da Dívida Pública, prevista no art. 26 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias desde 1988.

https://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/32156

A Medida Provisória n.711/2016

Nós, cidadãos brasileiros abaixo-assinados, repudiamos o credito extraordinário aberto para cobrir "Ajuda de Custo para Moradia ou Auxílio-Moradia para Agentes Públicos" aberto pela MP n. 711/2016.
Os servidores do Poder Judiciário da União e do Ministério Público da União estão há 10 anos sem reajuste salarial, com perdas inflacionárias em torno de 50% para o período. Os servidores do estado de Minas terão seus salários parcelados de duas a três vezes ao longo do mês. Somente na Justiça do Trabalho mineira 92 terceirizados serão demitidos para sustentar o privilégio de pessoas cujos subsídios variam entre R$ 27.500,17 (Juiz do Trabalho Substituto) e R$ 33.763,00 (Ministro do Supremo Tribunal Federal) e cujas remunerações podem chegar a R$ 443.433,22 (contracheque de Ministra do Superior Tribunal de Justiça em novembro de 2014). Chove dentro da 18ª Vara Federal de Brasília. A UFMG ficou 15 dias sem telefone e internet ano passado, por INADIMPLÊNCIA, considerando que, pelo inciso XV, art. 78, da Lei n. 8.666/1993, às empresas contratadas é permitido suspender a execução do serviço após suportarem 90 dias sem pagamento. 

E vergonhoso fazer parte deste Estado que toma diversas medidas para precarizar o serviço público, cuja qualidade hoje se sustenta pelo esforço de sua gente, dos servidores, que buscam, com sacrifícios, fazer o melhor pela população. Enquanto isso, autoridades que reprimem as greves desses servidores, prevista no inciso VII, art. 37, da Constituição da República de 1988, alegam prejuízo ao atendimento do cidadão, mas se calam quando R$ 419.460.681,00 desses cidadãos que eles "dizem" defender vai para o seu próprio bolso!
Injustiça, injustiça, injustiça!
Vinda daqueles que pretendem defender a Constituição, as leis e o direito do mais fraco. Nao passam de meros opressores. Lobos em peles de cordeiro. Pois aqueles que são bons até que pisem em seu calo não são bons verdadeiramente. 
E assim a “casta superior” se perpetua... A tão propagada crise só nos diz respeito, pois, afinal, "ao vencedor as batatas"[1]!
E Vossa Excelência, que se elegeu pelo Partido dos Trabalhadores, não deveria defendê-los? Não são estes trabalhadores que dependem da Justiça do Trabalho, que, somente em Minas Gerais, sua terra, teve um corte de R$ 12.331.000,07 em "Apreciação de causas na Justiça do Trabalho"?


A Auditoria da Dívida Pública
No sítio da Auditoria Cidadã encontram-se argumentos contra o Veto a Auditoria da Dívida Pública, aqui resumidos:
"A dívida dos entes federados está profundamente relacionada com o governo federal, sendo que este último é justamente quem cobra a maioria destas dívidas, que precisam ser urgentemente auditadas, e tem causado sérios danos às finanças de estados e municípios.

Além do mais, não há transparência sobre diversos aspectos do endividamento, a começar pelos próprios beneficiários desta dívida, cujos nomes são considerados como sigilosos pelo governo, apesar de se tratar de recursos públicos. 

O gasto com juros e amortizações da dívida pública federal atingiu em 2015 (apenas até 1/12/2015) o valor de R$ 958 bilhões, dos quais grande parte decorre de cobertura de gastos feitos pelo Banco Central. Não há transparência sobre tais operações, seus beneficiários, e suas reais necessidades para o país, conforme pode ser verificado no artigo ‘O Banco Central está suicidando o Brasil’, de Maria Lucia Fattorelli.

Destaca-se também a falta de transparência e discussão com a sociedade sobre a real necessidade das altíssimas taxas de juros, responsáveis pelo crescimento da dívida pública e pelo expressivo aumento dos gastos do Tesouro com a dívida. A justificativa de ‘controle da inflação’ não tem se confirmado na prática, dado que a alta de preços não tem sido causada, preponderantemente, por um suposto excesso de demanda, mas sim, por preços administrados pelo próprio governo, como energia, combustíveis, transporte público, planos de saúde, e pela alta de alimentos, em um contexto no qual é priorizada a agricultura para exportação.

Ressalta-se também a importância de se auditar a origem do endividamento atual, desde o Regime Militar, cuja documentação requerida pela CPI da Dívida Pública da Câmara dos Deputados (2009-2010), em grande parte, não foi fornecida pelo Banco Central, a exemplo de contratos de endividamento externo, e valores devidos externamente pelo setor privado assumidos pelo setor público.

Desta forma, garantir-se-ia a ampla discussão com a sociedade sobre a alocação de centenas de bilhões de reais, sendo injustificável o veto de dispositivo que apenas visa garantir maior transparência aos gastos públicos, e aperfeiçoar a gestão do endividamento.

Agora está nas mãos dos parlamentares derrubarem esse escandaloso Veto. Afinal, quem tem medo da transparência em relação às operações da dívida pública?

A sociedade, que tem arcado com essa conta, exige AUDITORIA JÁ!”

Se está tudo certo, por que não auditar? “Quem não deve, não teme”.

https://www.abaixoassinado.org/abaixoassinados/32156

Fernanda   Flavia Martins Ferreira 
(Autora do Blog)

FONTES DE INFORMAÇÃO
http://g1.globo.com/politica/noticia/2014/10/cnj-aprova-auxilio-moradia-de-r-43-mil-para-juizes.html Auxílio-Moradia para todos os Juízes no valor de R$ R$ 4.377,73, noticiada pelo G1 em 7/10/2014. Acesso em 22/1/2016.
http://www.trt3.jus.br/download/concursos/juiz/concurso_01_2015/EDITAL%20OFICIAL.pdf Subsídio de Juiz do Trabalho Substituto é de R$ 27.500,17, Edital de Concurso de 2015, TRT 3ª Região. Acesso em 22/1/2016.
http://politica.estadao.com.br/noticias/geral,comissao-na-camara-aprova-reajuste-de-16-para-o-stf-,1776161 e http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=297509&caixaBusca=N Subsídio de Ministros do STF: aprovado na Comissão de Trabalho, Administração e Serviço Público da Câmara dos Deputados reajuste de 16, 38%, se virar lei subsídio passará de R$ 33.763,00 para R$ 39.293,38. Acesso em 22/1/2016.
http://congressoemfoco.uol.com.br/noticias/ministra-do-stj-recebeu-r-420-mil-liquidos-em-novembro/ Remuneração de Ministra do STJ aparece composta por Subsídio de R$ 27.989,14, Vantagens Pessoais de R$ 3.078,80, Indenizações R$ 262.575,71, Vantagens Eventuais R$ 149.789,57, totalizou R$ 443.433,22 com R$ 22.552,88 de descontos em novembro de 2014. O Auxílio-Moradia é uma verba indenizatória. Acesso em 22/1/2016.
http://sintrajufe.org.br/site/noticias.php?id=13100#.VqLkCtQrLIU O Sindicato dos Trabalhadores do Judiciário Federal do Rio Grande do Sul publicou notícia intitulada “A crise não é para todos: Dilma abre crédito extraordinário de mais de R$ 400 milhões para pagar auxílio-moradia”, no dia 19/1/2016. Acesso em 22/1/2016.
http://www.auditoriacidada.org.br/dilma-veta-auditoria/ Portal da Auditoria Cidadã da Dívida publica notícia sobre Veto à previsão de Auditoria da Dívida Pública no PPA 2016-2019. Acesso em 22/1/2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Msg/VEP-16.htm Mensagem de Veto na Lei n. 13.249/2016. Acesso em 22/1/2016.
http://cartamaior.com.br/?/Editoria/Economia/Quem-tem-medo-da-auditoria-da-divida-publica-/7/35351 Notícia Carta Maior, de Paulo Kliass, do dia 20/1/2016. Acesso em 22/1/2016.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Mpv/mpv711.htm MP 711/2016 no site oficial do governo federal. Acesso em 23/1/2016.


[1] Machado de Assis.

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